quinta-feira, 31 de maio de 2007

Um pouco de Cordel

NO LIMITE

Silva Filho

Quem não viveu no limite
Nesse nosso dia-a-dia
Guardando bico de pão
Pra conter a agonia;
No limite do feijão
No limite do cartão
E também da energia.

Quem não viveu no limite
Como diz a consciência
Como cidadão ordeiro
No final da paciência;
No limite do dinheiro
No limite do salseiro
No limite da decência.

Quem não viveu no limite
Ganhando microssalário
No limite d’esperança
Com a cara de otário;
No limite da poupança
No limite dessa dança
Ao sabor de salafrário.

Quem não viveu no limite
Dentro da insanidade
Sob a mira de pistola
Pelos cantos da cidade;
Sem ter compra na sacola
Sem poder pagar escola
E sem ter dignidade.

Quem não viveu no limite
Dos discursos sem valor
Das promessas indecentes
Dos truques do impostor;
No limite da vergonha
No limite da peçonha
Como pobre eleitor.

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